Eduardo critica sistema carcerário brasileiro e propõe parceria público-privada como solução

Aline Moura – Diario de Pernambuco

Governador cita como exemplo bem sucedido de sua gestão a unidade prisional de Caruaru. Foto:Teresa Maia/DP/D.A Press
Governador cita como exemplo bem sucedido de sua gestão a unidade prisional de Caruaru. Foto:Teresa Maia/DP/D.A Press

Embora os presídios de Pernambuco tenham históricos de superlotação e algumas mortes, o governador Eduardo Campos (PSB) fez uma duras críticas, nesta quarta-feira (08), por meio do Facebook, à estrutura carcerária do Brasil, que, para ele, não permite a recuperação de ninguém. No texto, o governador também propõe soluções para resolver o problema, como a parceria público-privada na administração de presídios. “(A estrutura carcerária) virou faculdade do crime. Está aí a crise nos presídios do Maranhão mostrando que este tema precisa entrar definitivamente na pauta do país e ser discutido em busca de soluções mais eficientes”, afirmou o governador, referindo-se à barbárie que aconteceu no presídio de Pedrinhas, naquele estado nordestino, onde presos foram decapitados, outros filmaram e postaram na internet.

Segundo o governador, “é ingenuidade acreditar que a superpopulação carcerária do Brasil e a violência nas ruas do País não têm relação alguma”. De acordo com ele, ‘do jeito que está, hoje, é um dinheiro jogado fora e não traz resultado algum, nem reintegrando o cidadão na sociedade, nem impedindo que o crime organizado pare de ameaçar a população mesmo dentro da cadeia”.

No texto, Eduardo Campos citou o presído de Caruaru como exemplo de recuperação para os que foram encarcerados. “Em Caruaru, por exemplo, os detentos têm a oportunidade de costurar para confecções locais, sendo pagos por isso. Além disso, cursos para confeiteiro, padeiro e costureiro industrial são ministrados dentro do presídio, resultado de uma parceria entre Senai e o Governo do Estado. 30% da população carcerária do Estado está matriculada nas escolas que funcionam dentro das unidades prisionais, enquanto a média nacional é de 11%”, declarou, citando como exemplo positivo também o presídio de Itaquitinga, localizado na Zona da Mata Norte. A unidade prisional, feita em parceria público-privada, começou a ser construída em 2009, mas já houve paralisações de trabalhos por falta de recursos. Não foi concluída ainda apesar de a previsão inicial de entrega ser em 2011.

Imagem mostra detento sendo socorrido pelo Samu em rebelião após rebelião no presidio Anibal Bruno em maio de 2010
Imagem mostra detento sendo socorrido pelo Samu em rebelião após rebelião no presidio Anibal Bruno em maio de 2010

Telhado – O sistema carcerário de Pernambuco é um dos maiores telhados de vidro do governo do estado, que conseguiu reduzir a violência a partir de 2007 em virtude do Programa Pacto Pela Vida. No ano passado, por exemplo, a 1ª Vara da Fazenda Pública do Recife condenou o estado de Pernambuco a pagar R$ 70 mil a mãe de um detento que havia sido morto, no Penitenciária Agrícola de Itamacará, enquanto estava cumprindo pena.

O local é considerado tão violento, segundo agentes penitenciários e parentes dos que estão presos, que o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP), condenado a sete anos e dois meses por corrupção ativa e lavagem de dinheiro, moveu céus para não ser transferido para lá quando pousou em solo pernambucano. Ele preferiu passar o reveillón no Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel), que tem cerca de três mil detentos, ao invés de ser levado para a PAI, como tinha direito, por ser unidade de regime semi-aberto. No ano passado, um outro caso também chamou a atenção na Fundação de Atendimento Sócio Educativo de Abreu e Lima (Funase), quando um adolescente de 16 anos foi morto por estrangulamento dentro de uma das celas. Casos como esse continuaram a acontecer nos últimos anos apesar dos resultados favoráveis  do Pacto Pela Vida.