Cerca de 200 presos envolvidos na rebelião que tomou um presídio de Bauru, na terça-feira, foram transferidos para o Complexo Penitenciário Campinas-Hortolândia na madrugada desta quarta-feira. Funcionários relataram que foram pelo menos dez caminhões encaminhados para ao Centro de Progressão Penitenciária (CPP), ou P1, de Hortolândia. A unidade já possuía 433 detentos acima da sua capacidade, e a transferência preocupa os agentes penitenciários, que relatam situação tensa no local.
De acordo com o presidente do Sindicado dos Agentes de Escolta e Vigilância Penitenciária de São Paulo (Sindespe), Antonio Pereira Ramos, por volta das 2h desta quarta-feira cerca de dez caminhões chegaram no complexo. A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) informou que não se manifesta sobre a transferência de presos por questões de segurança.
“O clima ficou ainda mais tenso com a chegada dos detentos. A superlotação no CPP de Hortolândia é notória, e não se sabe quando algo pior pode acontecer dentro do presídio”, disse o presidente do Sindespe. “O governo exportou detentos para o Estado todo, e em São Paulo o domínio do PCC (facção criminosa Primeiro Comando da Capital) não é admitido pelo governo”, completou.
O CPP de Hortolândia tem capacidade para 1.036 detentos, mas de acordo com números disponibilizados pela SAP no dia 23 de janeiro, o complexo abrigava na ocasião 1.469 presos, ou seja, 41% acima de sua capacidade. Com a chegada dos novos detentos no CPP a superlotação aumenta para 61%, tomando como base esse número.
Uma desavença com um dos diretores de disciplina do Centro de Progressão Penitenciária (CPP 3) de Bauru teria sido o motivo para o início da rebelião, que teve ao todo 152 fugitivos e levou pânico ao comércio e moradores daquela cidade. De acordo com o presidente do Sindespe, a preocupação é com os agentes que trabalham sob risco de se verem em meio a uma rebelião no complexo Campinas-Hortolândia. “Temos por volta de 600 agentes em todo o complexo, mas tirando 35% que ou estão afastados por motivos de saúde, férias ou outra situação, temos turnos em que trabalham dez funcionários para uma população de mais de 1,4 mil detentos”, relatou Ramos. “Não foi constatada nenhuma anormalidade (no presídio), mas o clima de apreensão é permanente”, disse.
Há duas semanas o sindicato enviou ofício à secretaria solicitando medidas de segurança para evitar que a crise prisional se instaure nos presídios paulistas. Essa semana foi a Ordem dos Advogados do Brasil 3ª Subseção Campinas que solicitou reunião emergencial com a Coordenadoria Regional da SAP para tratar sobre a crise sistema penitenciário.
Secretaria
Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária informou que, com a rebelião ocorrida em Bauru, “está prevista a remoção de presos para outras unidades de regime semiaberto, mediante a necessidade de adequação da população, visto que diante dos atos de subversão à ordem e segurança, parte dos alojamentos deverão ser desativados”.
Segundo a secretaria, o restante da população carcerária do CPP de Bauru será abrigada nos alojamentos que não sofreram avarias ou que foram pouco danificados. “Todos os presos envolvidos no episódio e os apreendidos regredirão ao regime fechado”, diz a nota.
Recapturados
Até o início da tarde de ontem, 109 dos 152 presos que fugiram do CPP3 de Bauru tinham sido recapturados, segundo a SAP. A Polícia Militar, com apoio do policiamento rodoviário, mantinha bloqueios em rodovias da região, na tentativa de prender os demais à solta. (Com Estadão Conteúdo)
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