Sindicato diz que CDP teve 2º caso de intoxicação alimentar no ano

CIDADES/ Fotos gerais da entrada do Complexo Penitênciario de Hortolândia. FOTO:EDUARDO BECK- 07-07-2006.
CIDADES/ Fotos gerais da entrada do Complexo Penitênciario de Hortolândia. FOTO:EDUARDO BECK- 07-07-2006.

No primeiro, em março, 33 presos passaram mal e um deles morreu. No mês passado, 11 teriam tido sintomas. Mas Secretaria admite apenas um dos episódios

Em um período de sete meses, o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Hortolândia, na região de Campinas, interior de São Paulo, registrou dois episódios de intoxicação alimentar em presos. Segundo o Sindespe (Sindicato dos Agentes de Escola e Vigilância Penitenciária no Estado), 44 detentos passaram mal, sendo que um deles morreu.

A SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) admite apenas um dos episódios.

A primeira ocorrência, de acordo com o Sindespe, se deu em março. Na época, 33 presos tiveram sintomas da doença. Destes, apenas nove receberam atendimento médico e um detento acabou morrendo.

“Quando tivemos ciência do que houve, enviamos um ofício para a secretaria sobre segurança alimentar. Um dos pontos do ofício questionava a entrada de alimentos trazidos por familiares”, explicou o presidente da entidade, Antônio Ramos.

Além disso, o documento pedia esclarecimentos sobre os detentos manipularem os alimentos para as refeições básicas do dia a dia.

Para o sindicato, mesmo com o preso sendo supervisionado por profissionais de saúde, a atividade pode “proporcionar um dano à segurança caso esse preso venha a adulterar o alimento quando do preparo e até mesmo do servir, vislumbrando um intento de fuga, motim ou indisciplina”.

Ramos ressalta ainda que os próprios agentes correm perigo em situações como esta, já que os servidores se alimentam da mesma comida servida para os presos.

A SAP não respondeu ao ofício e, após sete meses do primeiro registro, a penitenciária teve novo caso de intoxicação alimentar. Em 24 de outubro, 11 presos registraram sintomas da doença (vômito, náuseas, febre, diarreia).

Superlotação

Além da intoxicação alimentar, o CDP de Hortolândia convive com outro drama: a superlotação. Segundo o site da SAP, a unidade abrigava ontem 1.412 presos, no entanto, sua capacidade é de 844. Em nota, a pasta disse que tem aumentado o número de vagas no estado por meio do Plano de Expansão de Unidades Prisionais. Dentro deste planejamento, a secretaria diz ter entregue 24 presídios com mais de 20 mil vagas. Além destes, outras 15 penitenciárias estão em construção.

1.412

presos estão no
CDP de Hortolândia

RESPOSTA DA SECRETARIA

Comida teria sido levada por visitantes

Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária negou ter registro de novos casos de intoxicação alimentar no CDP de Hortolândia. Sobre os de março, a pasta afirmou ter uma apuração em andamento, porém, ” os presos que passaram mal alegaram ter ingerido macarrão e estrogonofe, levados por visitantes”. Ainda segundo a secretaria, todos os presídios do estado têm três refeições que são supervisionadas por nutricionistas. A alimentação é balanceada e o cardápio é previamente estabelecido, com cereais, carnes, frutas, legumes e etc.

Probabilidade de morte é alta por causa de desidratação

A probabilidade de morte em casos de intoxicação alimentar é alta, pois os sintomas causam desidratação. A situação fica ainda pior dependendo do estado de saúde da pessoa e da faixa etária. Os sintomas, vômito e diarreia principalmente, causam perda de água muito intensa. Uma das principais causas da doença é a falta de higiene e o mau acondicionamento dos alimentos. É preciso tomar cuidado e lavar as mãos de forma adequada na hora de manipular a comida.